Então, para mim a maternidade começou muito antes de ler o positivo no teste. Começou com um longo período de tratamento. Uma busca incansável pela realização de um sonho. E nunca me senti sozinha nessa busca, embora não quisesse dividir minha dor e angústia com muitas pessoas, ao meu lado estava o mais dedicado candidato a pai do mundo!
E digo que a maternidade começou já nesse período, porque a
cada progresso, a cada folículo medido era uma alegria, uma esperança... E a cada
tentativa frustrada, uma dor inexplicável.
Foi nessa época que conheci a dor do “não ter algo ao seu
alcance.” Sim, porque vivemos em mundo em que as pessoas desejam o que é “comprável”, e pra essas coisas, dou pouca importância... Mas o que eu queria, só dependia da vontade de Deus!
Foi nessa época também que conheci a bondade e a maldade
humana... Via pessoas me cobrando um filho... Contando de outras que nunca
conseguiram... E de outras que conseguiam sem o menor esforço... Ouvia
comparações e julgamentos... E sempre que ouvia a notícia de uma gravidez
desejada, pedia pela saúde do bebê... Não sentia raiva ou inveja... Sentia que
minha vez também chegaria. Tinha fé...
E sempre engoli tudo que me foi dito... Na certeza que Deus
também ouvia.
Mas nem todo ser humano é cruel... Assisti a muitos gestos
de carinho. Torcidas. Orações.
Lembro-me de uma amiga muito querida (Adelaine) que ficou
grávida durante todo meu processo (acompanhava minha angústia a distância) e esperou minha boa notícia (sim, ela
acreditava muito que eu conseguiria) pra só depois contar que ela também estava
grávida. GENEROSIDADE.
E veio o POSITIVO. E com ele uma felicidade inexplicável...
E uma série de problemas... Gravidez gemelar, hemorragia interna, cirurgia,
UTI, perda de um dos bebês e uma gestação pra lá de delicada.
E nessa época, nasceu dentro de mim um MEDO que até hoje não
consigo dimensionar.
Mas minha princesinha chegou... Saudável! Contrariando a
todas as estimativas.
Mas o medo ainda estava aqui dentro de mim.
E sempre me perguntei: POR QUE tanto medo?
Mas fui vivendo e convivendo com ele.
Temia por ter que passar por tudo isso para viver a segunda
gravidez. E pedia a Deus que intercedesse. E Deus nos presenteou com uma
gravidez espontânea, e a realização de mais um sonho. Nosso garotão nasceu
prematuro, mas nasceu saudável!
Então, o que eu ainda temia?
Uma vez uma amiga me disse que eu temia a felicidade... Que
era como se eu me julgasse não merecedora de toda a felicidade que eu havia
conquistado. E que por isso eu ficava sempre a espera de algo ruim.
Faz sentido... Mas não sei...
Sei que tenho medo da perda.
Tenho medo de errar.
Tenho medo do mundo que espera pelos meus filhos.Tenho medo da crueldade humana.
Temo pela saúde dos meus filhos. Do meu marido. Minha.
Tenho medo do tempo.Tenho medo desse amor tão grande.
E do quanto sufoco as pessoas que amo por culpa desse medo.
E convivo com ele a tanto tempo que já não lembro como era
minha vida antes.
Enquanto isso, o tempo vai passando...
Tudo se encaixando... E meus medos vão dando lugar a
outros...
Sou neurótica ainda. Com estrada, lugares tumultuados,
doenças, barulhos estranhos, escuro e tudo mais que já listei...
E agora descobri algo que tem me angustiado ainda mais.
Não suporto ver ou sentir o sofrimento dos meus filhos...
Não suporto vê-los sendo tratados com rispidez ou
indiferença. E sei que ainda vou ter que assistir a muitos choros, muitas frustrações, muitas decepções... Ainda vou ter que ver muitos aniversários deles sendo esquecidos... Ainda vou ter conviver com o descaso... Ainda vou ter que vê-los experimentando um pouquinho da incapacidade ou dificuldade para fazer algo... Ainda vou ter que sustentar muitos “NÃOS”... Ainda vou ter que responder a muitas perguntas do tipo: _ Mamãe porque “fulano” não gosta de mim?
E sei que tudo isso faz parte da vida. E que os farão
crescer... Como me fez!
Mas quer saber?Ser mãe é experimentar o amor e a dor, todos os dias.
E no meu caso: sentir medo!
Nossa Ara nunca comentei isso com ninguém mas tb sinto um medo inexplicável porque sei que só engravidei da minha pequena porque realmente DEUS quis me presentear ...não cheguei a passar pelo tratamento como vc mas demorei cinco anos e pra falar a verdade tinha tanto medo que já tinha decido que não ia mais fazer o tratamento já até havia comunicado meu médico da minha decisão ai veio DEUS e me deu o meu presente!!!Hoje tenho medo de tudooooo principalmente quando vejo a minha pequena sendo rejeitada por outras crianças e até mesmo adultos isso doí e muito...medo dela ficar doente,medo dela ser mal tradada ,esses dias chorei porque ela me disse que as coleguinhas da escola não queriam ser amiga dela...depois ri porque ela me contou que as coleguinhas estava sendo amiguinhas dela...ai espero um dia que essa neurose passe!!!bjus e me identifiquei demais com seu poste!!!
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